Crítica | Pequeno Segredo tem uma bonita história mas exagera no melodrama

Até pouco tempo desconhecido, o longa "Pequeno Segredo" vem causando polêmica, desde quando foi indicado pelo MinC para representar o Brasil no Oscar 2017. Isso porque, o filme "Aquarius" - lançado no Festival de Cannes e aclamado pela crítica - era o favorito para tentar uma vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

A obra baseada no livro "Pequeno Segredo – A lição de vida de Kat para a família Schurmann", é dirigida por David Schurmann - filho do casal Vilfredo e Heloísa Schurmann - que conta a história de sua família, famosa por velejar ao redor do mundo. A trama que se passa paralelamente no passado e futuro, mostra a vida da pequena Kat Schurmann, portadora do vírus HIV, e filha do casal Robert e Jeanne - um neozelandês e uma amazonense - que, depois da morte dos pais, é adotada por Vilfredo e Heloísa Schurmann. A história retrata esse tema ainda delicado, numa época (anos 90) em que o tratamento era precário e a doença ainda era um tabu na sociedade. Kat vivia uma vida normal como qualquer pré-adolescente, estudava, praticava esporte, tinha amigas e um amor não correspondido.

Devido ao medo do preconceito, seus pais adotivos mantiveram em segredo o HIV da filha. Ela tomava muitos remédios, pois acreditava ter hepatite. Chega um determinado momento, que Heloísa precisa ser abrir com a filha e contar a verdade. Nascida na Nova Zelândia, em 1992, a menina era soropositiva e morreu em 2006, em decorrência de complicações da Aids

A história é cativante ao tentar mostrar a forma de amor entre a família, mas exagerou no tom dramático. Os personagens são estereotipados, o diálogo é superficial e rasteiro, parece uma novela mexicana e, algumas cenas querem forçar lágrimas no público. Nada natural do começo ao fim. Talvez seja esse o motivo do diretor achar que o longa tem "cara de Oscar"?

Esse exagero fica claramente evidente na personagem Bárbara, que vive a avó preconceituosa biológica de Kat, interpretada pela atriz irlandesa Fionulla Flanagan. Em cena, ela compara Heloisa , uma mulher branca, e a nora Jeanne, uma morena, e diz: "Claramente, vocês não são da mesma tribo". Pequeno segredo é um filme previsível, que quer atingir o espectador pelo drama apelativo, mas nem por isso, deixa de ser um bom filme.  A obra é capaz de conquistar um grande público que aprecia história familiar e de superação.

O elenco conta com Marcello Antony (Vilfredo), Julia Lemmertz (Heloísa), Erroll Shand (Robert), Maria Flor (Jeanne), Fionulla Flanagan (Bárbara) e Mariana Goulart (Kat). Todo o elenco funciona bem, porém o personagem de Antony foi pouco explorado, parecendo um figurante e superficial com tantos diálogos em inglês. 

David Schurmann, que antes dirigiu o terror "Desaparecidos" e o documentário “O Mundo em duas voltas”, de 2007, ganhador de seis prêmios, no Festival de Recife, decidiu que sua história familiar tinha que ser levada ao mundo também através do cinema, por seu poder de inspirar as pessoas.  

"Pequeno Segredo", ainda não foi exibido em circuito comercial. Para ser elegível ao Oscar, o filme deve ser lançado antes de 30 de setembro. Por isso, teve um lançamento restrito em algumas praças, para cumprir as regras do Oscar. A estreia nacional está marcada para o dia 10 de novembro.

Ficha Técnica

Título: Pequeno Segredo 
Dirigido por: David Schurmann
Elenco: Erroll Shand,Fionnula Flanagan, Júlia Lemmertz, Marcello Antony, Maria Flor, Mariana Goulart
Gênero: Drama
País: Brasil
Ano produção: 2016


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