Crítica | Barata Ribeiro 716 retrata as memórias de Domingos Oliveira na década de 60

Grande vencedor do Festival de Gramado 2016, incluindo o prêmio de melhor filme, "BR 716" remete à nostalgia da década de 60. O filme retrata as memórias do diretor Domingos Oliveira, nos dias em que viveu no apartamento na Rua Barata Ribeiro 716 , durante o período do pré-golpe militar, em 1964, quando o Rio de Janeiro, era um verdadeiro palco de histórias de ode à liberdade.

A trama acompanha Felipe (Caio Blat), um jovem engenheiro de classe média alta, aspirante a escritor, que se esforça em desenvolver roteiros para seus filmes. Ele leva uma vida frustrada e sem expectativa, dentro do seu apartamento em Copacabana, que foi um presente de casamento dado por seu pai. Lá, ele recebe amigos que frequentemente se reúnem para uma festa regada a álcool e música até altas horas. O longa passa a ideia de uma geração hippie, despreocupada com a realidade política em plena época do golpe militar, e o que realmente ganha importância é a vida boêmia e amorosa de Felipe. 


O protagonista se apaixona e desapaixona com facilidade. No começo, ele sofre por causa da traição da esposa com o seu melhor amigo, mas ao conhecer Gilda (Sophie Charlotte), sente uma forte atração pela moça que mostra ser destemida e sonha com a fama. Durante as festas, ele conhece e se apaixona por uma outra mulher com personalidade frágil e que passa por dificuldades na vida, assim como ele, o que deixa a entender que ambos se completam.



Fica bem claro, que o diretor não tem a intenção de abrir debate político no filme, mas sim mostrar uma época em que os jovens buscavam o prazer nas coisas simples da vida, como reunir os amigos para beber e conversar, em meio às paixões e dificuldades emocionais. Tudo isso é mostrado com suas memórias de maneira descontraída para causar divertimento ao público.

A fotografia adota o estilo clássico do preto e branco, que torna um visual retrô. O cenário é quase todo dentro do apartamento, cuja, a ideia se concentra em mostrar as emoções dos personagens, na maior parte do tempo, alcoolizados e entorpecidos. A trilha sonora é ótima, e se encaixa no conceito de destacar  o vanguardismo e a rebeldia. 

Caio Blat está perfeito no papel de Felipe, o alter ego de Domingos Oliveira. Ele soube passar a imagem da juventude despojada e poética, além de sua fragilidade sentimental.  A atriz Glauce Guima, também se sobressai ao interpretar Isabel, amiga de Felipe. Ela ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante pela personagem, no Festival de Gramado este ano.

BR 716 é interessante por mesclar divertimento e nostalgia ao retratar a busca da extrema liberdade do povo carioca, no período em que a maior opressão da história do país estava prestes a estourar. Além disso, a trama chama atenção por ressaltar a simplicidade narrativa, sendo fácil se identificar com a história de Felipe, repleta de paixões e frustrações.

Estreia nos cinemas em 17 de novembro de 2016.



Ficha Técnica:

Direção: Domingos Oliveira
Elenco: Caio Blat, Sophie Charlotte, Maria Ribeiro 
Gênero:  Drama
Tempo: 1h 29min
Nacionalidade:  Brasil


Trailer



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