Visita ou Memórias e Confissões é um filme póstumo
e autobiográfico do diretor português, Manoel de Oliveira. Ele fala sobre sua
carreira, família e, principalmente, dois de seus maiores fascínios: a casa
onde viveu por mais de 40 anos e sua esposa, Maria Isabel de Oliveira, a quem
ele dedicou o filme.
Toda a filmagem se passa na própria casa
onde viveu alegrias e tristezas - “uma casa é uma relação íntima,
pessoal, onde se encontram as raízes” (Manoel de Oliveira). O documentário
foi realizado em 1982, mas por motivos financeiros, o cineasta teve de vender a
casa e durante a mudança, sob a condição de que fosse exibido somente
após a sua morte (falecido em abril de 2015), documentou os momentos
de reflexão e dor ao deixar o lar.
“Este é um filme feito por mim, sobre mim.
Talvez eu não devesse ter feito um filme assim. Mas, enfim, está feito”.
Essa é uma das primeiras frases pronunciadas pelo cineasta enquanto narra
os créditos iniciais da obra.
Para colaborar com a narrativa, um casal entra em
uma casa aparentemente vazia. Eles passam a observar os cômodos e descrevem o
que veem. Com a câmera em movimento, apenas são mostradas as vozes do casal,
que têm a sensação de reconhecer a casa. “Já toquei duas vezes e
ninguém responde”, diz a voz feminina. “Não há ninguém. Nunca houve
ninguém. Foi só uma impressão nossa”, a voz masculina responde.
No decorrer do filme, o próprio diretor,
Manoel de Oliveira, aparece para explicar o motivo da mudança de casa, e ainda
relata sua vida familiar, carreira, além dos períodos de ditadura e
revolução em Portugal, os quais viveu em sua juventude. No primeiro momento em
que surge, Manoel está em um canto de um lugar que não é mais seu, perto de uma
máquina de escrever, que já não escreve, projetando um filme para o futuro.
Conversa diretamente com o espectador sobre os acontecimentos de sua vida ao
ligar um projetor de cinema.
De maneira minuciosa, são mostrados cada detalhe da
casa. A beleza das imagens obtidas pela câmera, que percorre pelo espaço construído
na década de 40, transmite um sentimento de afeição tornando o discurso do
diretor ainda mais emocionante. Também são exibidos vídeos caseiros de sua
infância, e fotos ao lembrar os nomes de todos os filhos, netos, noras e
genros.
O momento mais comovente do filme é quando Oliveira
registra a esposa cuidando de suas flores e explicando como é ser casada com um
renomado cineasta. Na cena, o público sente a cumplicidade e o amor entre
eles. Manoel de Oliveira se dedicou ao cinema até sua morte, aos 106 anos.
Produziu 32 filmes, além de curtas e médias-metragens pelos quais recebeu
diversos prêmios internacionais. Visita ou Memórias e Confissões é o
último filme de Oliveira, marcado pela simplicidade e emoção.
Estreia no dia 23 de junho nos cinemas brasileiros.
Estreia no dia 23 de junho nos cinemas brasileiros.
Ficha Técnica
Realização: Manoel de Oliveira
Diálogos: Agustina Bessa-Luís
Fotografia: Elso Rique
Com: Manoel de Oliveira, Maria Isabel Oliveira,
Urbano Tavares Rodrigues, Teresa Madruga, Diogo Dória
País: Portugal
País: Portugal
Ano: 1982
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário